sexta-feira, 22 de abril de 2011

Motivos de sobra

Hoje vou de jeans justinho, bota de salto alto e, pra equilibrar, uma blusa mais soltinha.
Quero ver como as meninas vão estar, mais duvido que mais na moda que eu.
Todo dia eu falo
 Todo dia eu rio
Todo dia eu calo

Todo dia eu choro
Todo dia eu saio
Todo dia eu paro

Todo dia eu volto
Todo dia eu vejo
Todo dia eu ouço

Todo dia eu sinto
Todo dia eu quero
Todo dia eu corro

Todo dia eu ando
Todo dia eu sou
Todo dia eu sonho

Todo dia eu voo
Todo dia eu acho
Todo dia eu gosto

domingo, 10 de abril de 2011

Meu cobertor surrado

Andam dizendo que preciso te jogar fora, me desapegar, pois pra mim você já não serve mais. Quem sabe comprar um novo, sem todos esses rasgos e falhas que o tempo e o decorrer das noites fizeram em você. Que possa me envolver e esquentar completamente, como você não é mais capaz.
Mas eu não consigo, eu me apeguei à você.
Aqueles tempos frios, você se lembra deles? Eles não me deixam te mandar embora. Eu sinto tanta falta.
Sem um rasgo sequer, me esquentava e fazia dormir. Pelas manhãs eu te arrastava para todos os cantos da casa, não havia quem me fizesse te soltar.
Eu tive tantos pesadelos, mas após acordar de cada um deles você esteve lá. Tantas lágrimas você absorveu. Eu não consigo me esquecer, por isso, não posso te jogar fora.
Já não somos os mesmos, vejo que cresci e você ficou desgastado. Já não me protege como antes, deixa a desejar quando vez ou outra me enrolo em você, esperançosa esperando que aqueça meu corpo e meu coração, como costumava fazer. Talvez esteja na hora e você sirva para fazer isso com outro alguém.
Sei que também não me encontro nas melhores condições, creio que cada um da sua forma, ambos estejam esburacados. Mas eu ainda te quero tanto.
Ainda que pequeno ou insuficiente, velho ou surrado, eu continuo e sempre serei apegada e dependente de você.

Creme dental

Ta, dessa vez vai ser diferente.

  Não vou ter pena de mim e muito menos dele. Não foi o primeiro tombo que eu levei, não foi o primeiro cara que eu gostei. Vai passar. Passou outras vezes. Como era mesmo minha vida sem ele? Não lembro. Tento dormir, o filme passa na minha cabeça, junto com a nossa musica, a do primeiro beijo. A marcha fúnebre seria mais adequada. Desisto, não ta na hora de dormir. Ta na hora de acordar, acordar pra vida, pra minha vida.
  O celular toca, pensei que fosse você, pensei em um zilhão de maneiras de dizer que te perdoo em meio a tudo, ao barulho ao embrulho, te perdoo.
  Não era você, era minha melhor amiga. Atendo chorando. Entre um soluço e outro tento ouvir e entender o que ela fala, suspiro e digo, ''claro amiga, já to superando, ele já já é pagina virada, não me importa mais'', ela diz que me conhece muito bem pra saber que é mentira, que mentir pra mim mesma nessa hora é a melhor coisa. Ótimo. Mando ela pra puta que pariu e desligo o celular. Choro, sinto que tem uma cachoeira dentro de mim, que como ela, a dor também não cessa. Mas que porra! Ele não foi o primeiro, ele não foi o amor da minha infância.
  Sinto o seu cheiro no meu travesseiro. Cheiro. Seu cheiro, nosso cheiro. Quero você aqui, comigo, dizendo que essa dor vai passar e que eu sou forte, eu ia rir, você ia entender. Bobo, nem sabia que aquela força vinha de você, do seu sorriso, porque voce tinha que ter dentes tão lindos?
  Tenho que me levantar, saí dessa merda que eu me coloquei, amanhã eu que vou estar com os olhos inchando com o cabelo amarrado e dizendo que nunca estive tão bem. Sinto seu cheiro de novo, lembro que eu não vou conseguir nada, que não é a mesma coisa sem você.
  Encosto a cabeça na porta, como vi nos filmes, pensando que você podia ta fazendo a mesma coisa do outro lado, sentindo o mesmo que eu. Mas você não está. Mas você não vai voltar.
  A TV ta ligada, a propaganda do creme dental passa, e eu choro.
     Vai entender, me lembrou você
.