Ta, dessa vez vai ser diferente.
Não vou ter pena de mim e muito menos dele. Não foi o primeiro tombo que eu levei, não foi o primeiro cara que eu gostei. Vai passar. Passou outras vezes. Como era mesmo minha vida sem ele? Não lembro. Tento dormir, o filme passa na minha cabeça, junto com a nossa musica, a do primeiro beijo. A marcha fúnebre seria mais adequada. Desisto, não ta na hora de dormir. Ta na hora de acordar, acordar pra vida, pra minha vida.
O celular toca, pensei que fosse você, pensei em um zilhão de maneiras de dizer que te perdoo em meio a tudo, ao barulho ao embrulho, te perdoo.
Não era você, era minha melhor amiga. Atendo chorando. Entre um soluço e outro tento ouvir e entender o que ela fala, suspiro e digo, ''claro amiga, já to superando, ele já já é pagina virada, não me importa mais'', ela diz que me conhece muito bem pra saber que é mentira, que mentir pra mim mesma nessa hora é a melhor coisa. Ótimo. Mando ela pra puta que pariu e desligo o celular. Choro, sinto que tem uma cachoeira dentro de mim, que como ela, a dor também não cessa. Mas que porra! Ele não foi o primeiro, ele não foi o amor da minha infância.
Sinto o seu cheiro no meu travesseiro. Cheiro. Seu cheiro, nosso cheiro. Quero você aqui, comigo, dizendo que essa dor vai passar e que eu sou forte, eu ia rir, você ia entender. Bobo, nem sabia que aquela força vinha de você, do seu sorriso, porque voce tinha que ter dentes tão lindos?
Tenho que me levantar, saí dessa merda que eu me coloquei, amanhã eu que vou estar com os olhos inchando com o cabelo amarrado e dizendo que nunca estive tão bem. Sinto seu cheiro de novo, lembro que eu não vou conseguir nada, que não é a mesma coisa sem você.
Encosto a cabeça na porta, como vi nos filmes, pensando que você podia ta fazendo a mesma coisa do outro lado, sentindo o mesmo que eu. Mas você não está. Mas você não vai voltar.
A TV ta ligada, a propaganda do creme dental passa, e eu choro.
Vai entender, me lembrou você.